Alvaro Acioli
O
circo mostra o mundo de forma caricata,
de cabeça para baixo. O raro, o extravagante, o inquietante encontrou sempre nele o palco preferido. Os monstros, a
mulher-aranha, o homem-sapo, o engolidor de espadas, são alguns prodígios de
sua fauna mágica
e exuberante.
Todas as cortes e
reinos, tiveram e continuam
tendo, circos particulares, para encenar suas comédias e tragédias. O
chapéu do palhaço substituiu, infinitas vezes, o capuz dos hereges. Nos períodos em que era suspeito rir ou
chorar tornava-se manifestação de bom gosto libertar a gargalhada mascarada em festas piedosas, geralmente
realizadas nos picadeiros.
Para os mais velhos e os mais jovens o circo evoca a
fantasia, lembranças do período de infância, mistura de riso e deslumbramento.
As lutas no circo, como no desenho animado,
são de brincadeira ; só existem
vítimas acidentais.
Junto com a emoção e o suspense, que o público
procura avidamente, o riso é fartamente ofertado. Os palhaços satirizam a
realidade de suas comunidades representando mais a condição do bobo do que a da vítima do
destino ou das maldades políticas que maltratam a sociedade.
Agredido, pisoteado, humilhado, o palhaço dramatiza
os erros e tolices da humanidade ; torna-se um joguete nas mãos de um outro
joguete, que se libera da sua
dor zombando dele.
As crianças constituem um público honesto e sincero
que todos do circo respeitam, particularmente os palhaços. Eles sabem que
somente rindo as crianças podem suavizar a longa caminhada, raramente alegre
para a grande maioria delas.Os palhaços tentam ajudá-las porque os maiores responsáveis não se preocupam com a
realização afetiva nem com o
desenvolvimento físico e mental das crianças.
A comicidade do circo procura despertar o riso sem rebaixar a dignidade humana.Explora em todas as situações o riso máximo, seguindo
o sábio conselho do importal Chaplin.
Tenta provocar novas emoções acentuando o ridículo da vida , através de sua
representação grotesca. O palhaço é apenas um homem que quer ajudar a manter a paz no grande
picadeiro onde nós todos atuamos.
O circo é também
o lugar onde os mais pobres
encontram um pouco de alegria, embora fugaz. É o consolo para os que
improvisam todos os dias, para os que
dão saltos no vazio e fazem malabarismos
fantásticos, equilibrando-se na corda bamba e insegura dos seus míseros
salários.
Mas o aprendizado para o circo da vida exige determinação, paciência e muita coragem para continuar representando. E, principalmente, para realizar o sonho impossível de alcançar a glória no instante fugaz
Mas o aprendizado para o circo da vida exige determinação, paciência e muita coragem para continuar representando. E, principalmente, para realizar o sonho impossível de alcançar a glória no instante fugaz