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domingo, 10 de fevereiro de 2013

A felicidade sonhada

Alvaro Acioli

 A alegria é o sentimento que melhor traduz a satisfação do homem com ele mesmo e com o seu próprio mundo.

Contudo, nem todos os momentos de satisfação se exteriorizam através de manifestações alegres.

Muitos estados de  alegria não passam de máscaras aparentes, não afirmando a existência de um bem estar verdadeiro.

A felicidade não deve ser confundida com o prazer fugaz, exclusivamente relacionado com as circunstancias especiais de um momento passageiro.

Uma busca incessante de renovadas emoções pode encobrir um desejo oculto de evasão, de fuga de um sofrimento profundo de solidão e desespero, muitas vezes até desconhecido. 
A experiência de felicidade parece mais relacionada com os momentos de calma do que com as emoções frenéticas, principalmente as sensações de euforia que são facilitadas ou provocadas por meios artificiais.

Ainda que pareça estranho, num mundo dominado pelas coisas, esse bem maior está ao alcance de todos os seres humanos.

Trata-se, entretanto,  de um tesouro que não pode ser comprado, nem adquirido, com recursos decorrentes do prestígio ou da posição social.

Mas o caminho para a felicidade deve ser ensinado logo nos primórdios da vida, na fase inicial do período da socialização infantil.

É na primeira infância que o homem tem que aprender a utilizar melhor o seu tempo, ocupando-o, preferentemente, com os problemas presentes.

Não desperdiçá-lo remoendo eventos já passados ou sofrendo antecipadamente por situações futuras, que raramente chegam a acontecer.

Já nessa  fase, a criança precisa descobrir como  se beneficiar das satisfações pequenas e simples, que o cotidiano oferece.

É também o momento ideal para outra  descoberta fundamental : a de que o tempo de vida é certamente o único tesouro comum a todos os homens.

A felicidade é uma possibilidade que pode tornar-se constante para quem coloca o prazer como o objetivo principal  de todas as suas ocupações.

A felicidade aproxima-se, com maior facilidade, dos que transformam em trabalho criador as tarefas mais simples e rotineiras  impostas pela vida social.

A felicidade acompanha quem se compromete com a existência e que assume a tarefa de construir-se continuadamente. E que, assim agindo, abre-se aos outros e ao mundo, tomando a iniciativa de contribuir, sem esperar recompensas ou reconhecimentos.

Só os  beneficiados por uma felicidade verdadeira encontram forças para trabalhar pelo bem comum, enfrentando todos os radicalismos e preconceitos , a fim de que a paz, finalmente, possa  reinar na terra dos homens.