Alvaro
Acioli
A alegria é o
sentimento que melhor traduz a satisfação do homem com ele mesmo e com o seu
próprio mundo.
Contudo, nem todos os
momentos de satisfação se exteriorizam através de manifestações alegres.
Muitos estados de alegria não passam de máscaras aparentes, não
afirmando a existência de um bem estar verdadeiro.
A felicidade não deve ser confundida
com o prazer fugaz, exclusivamente relacionado com as circunstancias especiais
de um momento passageiro.
Uma
busca incessante de renovadas emoções pode encobrir um desejo oculto de evasão,
de fuga de um sofrimento profundo de solidão e desespero, muitas vezes até
desconhecido.
A
experiência de felicidade parece mais relacionada com os momentos de calma do
que com as emoções frenéticas, principalmente as sensações de euforia que são
facilitadas ou provocadas por meios artificiais.
Ainda
que pareça estranho, num mundo dominado pelas coisas, esse bem maior está ao
alcance de todos os seres humanos.
Trata-se,
entretanto, de um tesouro que não pode
ser comprado, nem adquirido, com recursos decorrentes do prestígio ou da
posição social.
Mas
o caminho para a felicidade deve ser ensinado logo nos primórdios da vida, na
fase inicial do período da socialização infantil.
É
na primeira infância que o homem tem que aprender a utilizar melhor o seu
tempo, ocupando-o, preferentemente, com os problemas presentes.
Não
desperdiçá-lo remoendo eventos já passados ou sofrendo antecipadamente por
situações futuras, que raramente chegam a acontecer.
Já
nessa fase, a criança precisa descobrir
como se beneficiar das satisfações
pequenas e simples, que o cotidiano oferece.
É
também o momento ideal para outra
descoberta fundamental : a de que o tempo de vida é certamente o único
tesouro comum a todos os homens.
A
felicidade é uma possibilidade que pode tornar-se constante para quem coloca o
prazer como o objetivo principal de
todas as suas ocupações.
A
felicidade aproxima-se, com maior facilidade, dos que transformam em trabalho
criador as tarefas mais simples e rotineiras
impostas pela vida social.
A
felicidade acompanha quem se compromete com a existência e que assume a tarefa
de construir-se continuadamente. E que, assim agindo, abre-se aos outros e ao
mundo, tomando a iniciativa de contribuir, sem esperar recompensas ou
reconhecimentos.
Só
os beneficiados por uma felicidade
verdadeira encontram forças para trabalhar pelo bem comum, enfrentando todos os
radicalismos e preconceitos , a fim de que a paz, finalmente, possa reinar na terra dos homens.