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segunda-feira, 8 de abril de 2013

A neoinquisição contemporânea


Álvaro Acioli
Precisamos de sossego, de paz, de podermos nos distanciar periodicamente da balbúrdia informacional estressante e inútil, espalhada pelo mundo.

Tornou-se tarefa quase impossível organizar as incertezas que dominam o inconsciente coletivo no convívio humano mundializado.

Nossa vivência cotidiana mostra uma invasão sócio-familir permenente, que praticamente aboliu o direito à  privacidade.
Esse parece um dos fatos geradores do impulso social incontrolável que multiplicam crendices e mitos, formalizadas em seitas ou praticados em rituais tribalizados. E todos indicando caminhos de regeneração e ou de salvação. .

Os arautos dessa onda social incontrolável inventam continuadamente novas manias e rituais, tanto nos lugares primitivos quanto nos tidos como avançados, civilizados.

Um ponto é comum a essas iniciativas iluminadas : privilegiar celebrações e adorações coletivas, animadas por muita musica e pajelanças de todos os tipos. 

Essa alienação do sí mesmo parece-me o mote maior para o povoamento de renovadas receitas sacralizadas, que desestimulam a reflexão critica e privilegiam a adesão cega ao que é promovido como capaz de pacificar (entorpecer) a consciência crítica. E de  criar novas esperanças ou garantir a salvação dos pecados multiplicados que não conseguimos mais vencê-los sem a intermediação de novos arautos.

Sofremos uma doutrinação sem limites nem reservas, promovidos e disseminados pelo marketing televisivo mais atual tão bem usado pela sociedade de consumo. Há cada vez mais constrangimento para o exercício de nosso direito de recusar essa pressão irracional.

Entre os direitos a serem novamente buscados nas cartas magnas está o de simplesmente podermos exercitar a nossa individualidade, sem obrigação de falar, responder ou ouvir tudo o que tentam nos impor, como verdades definitivas e redentoras.