Álvaro Acioli
Precisamos de sossego, de paz, de
podermos nos distanciar periodicamente da balbúrdia informacional estressante e
inútil, espalhada pelo mundo.
Tornou-se tarefa quase impossível organizar as incertezas que dominam o inconsciente coletivo no convívio humano mundializado.
Nossa vivência cotidiana mostra uma invasão sócio-familir permenente, que praticamente aboliu o direito à privacidade.
Esse parece um dos fatos geradores do
impulso social incontrolável que multiplicam crendices e mitos, formalizadas em
seitas ou praticados em rituais tribalizados. E todos indicando caminhos de
regeneração e ou de salvação. .
Os arautos dessa onda social incontrolável inventam continuadamente novas manias e rituais, tanto nos lugares primitivos quanto nos tidos como avançados, civilizados.
Um ponto é comum a essas iniciativas iluminadas : privilegiar celebrações e adorações coletivas, animadas por muita musica e pajelanças de todos os tipos.
Essa alienação do sí mesmo parece-me o mote maior para o povoamento de renovadas receitas sacralizadas, que desestimulam a reflexão critica e privilegiam a adesão cega ao que é promovido como capaz de pacificar (entorpecer) a consciência crítica. E de criar novas esperanças ou garantir a salvação dos pecados multiplicados que não conseguimos mais vencê-los sem a intermediação de novos arautos.
Sofremos uma doutrinação sem limites nem reservas, promovidos e disseminados pelo marketing televisivo mais atual tão bem usado pela sociedade de consumo. Há cada vez mais constrangimento para o exercício de nosso direito de recusar essa pressão irracional.
Entre os direitos a serem novamente buscados nas cartas magnas está o de simplesmente podermos exercitar a nossa individualidade, sem obrigação de falar, responder ou ouvir tudo o que tentam nos impor, como verdades definitivas e redentoras.