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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O drama ecológico da espécie humana

Álvaro Acioli


A vegetação que cobre os continentes, se fosse completamente preservada, neutralizaria os cem bilhões de toneladas de gás carbônico que as plantas e os animais produzem.
Mas isso não seria suficiente para purificar  a atmosfera do mundo. Os carros, aviões e centrais elétricas  já provocam a redução, em dez por cento, do oxigênio existente.
Todas as formas de vida respiram com dificuldade e a terra está completamente ofegante.
O abastecimento de água potável também foi seriamente reduzido. Por outro lado, somente uma oitava parte da fina crosta da terra pode ser habitada.
Infelizmente a destruição das florestas continua proliferando através do planeta, ameaçando a vida de todas as espécies.
Novos desertos surgem, por todos os lados. E os já existentes estão em franca expansão. O Saara avança 12.000 hectares, por ano.
Os combustíveis fósseis  e os minérios são consumidos,  bilhões de vezes mais rapidamente, que a possibilidade  de regeneração.
Para Jonathan Weiner "...a mudança nos elementos da Terra vem sendo mais acelerada do que foi nos últimos 10 mil anos - desde o fim da era glacial. As crianças de hoje testemunharão, no correr de suas vidas, mais mudanças do que houve no planeta, desde o surgimento da civilização". E disse mais que a velocidade dessa transformação é bem maior do que a nossa capacidade  de entendê-la.
Essa intensa destruição das reservas energéticas obriga uma aceleração artificial dos processos naturais de reciclagem.
Os agressores do meio ambiente contam, todavia, com uma forte cumplicidade internacional. As advertências científicas não conseguiram criar a idéia de que são limitados os recursos do planeta.
O homem ainda se ilude imaginando que a natureza pródiga continuará repondo o que ele desperdiça. Acredita que conseguirá, por um longo tempo,  purificar os esgotos que lança nos rios e os poluentes que joga no ar.
As dificuldades também são crescentes no campo social  do planeta. A teleinvasão abalou comportamentos fundamentais como a solidariedade, a fraternidade e a tolerância. Por outro lado, recrudesceram as formas mais primitivas da convivência humana.
Falta a consciência global de que a própria espécie humana está ameaçada de extinção. A persistir essa situação o homem pode vir a juntar-se ao dinossauro, desaparecido há milhões de anos. 
Mas, apesar de todo esse quadro sombrio,  muitos cientistas preservam o  otimismo quanto ao futuro do mundo. Para eles, bastaria que,  além de regulamentar a pesca e o desflorestamento,  a sociedade humana encontrasse soluções consensuais para o uso do oxigênio e da água.
É uma manifestação de extrema ingenuidade ou de alta sabedoria. Ou, quem sabe,  a conclusão amadurecida de que devemos cultivar a simplicidade, colocar a vida cotidiana no centro de nossa reflexão filosófica, reaprendendo a separar os "possíveis" dos "impossíveis" e  das  utopias, como bem disse Henri Lefebvre.