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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Símbolos e costumes

Alvaro Acioli

No grande palco do mundo representa-se, há muito tempo, um drama baseado na negação do outro, justamente o outro com o qual o homem tenta relacionar-se, desde o inicio dos tempos.

Mudanças aceleradas marcam o cotidiano. Busca-se, freneticamente, o progresso econômico. A liberdade virou uma ideia fóbica, em nosso tempo de medos.

Um crescimento, marcadamente quantitativo, cria formas de acumulação assustadoras . Existe fome e miséria, até mesmo em terras do chamado primeiro mundo.

As tradições são negligenciadas, em nome de uma falsa modernidade. O respeito ao tradicional passou a ser tido como um apego ao nostálgico, a um tempo já ultrapassado.

Um grande desafio atual é promover o desenvolvimento científico e tecnológico, sem sacrifiar a identidade cultural do povo.

Vale dizer, sem destruir as criações populares : produções artísticas, formas de organização, crenças, artesanato, folclore e até mesmo sonhos e fantasias, que povoam o inconsciente coletivo.

E assim pensando, fazer com que a sociedade pratique uma educação mais voltada para objetivos próprios, não impondo conhecimentos, atitudes ou comportamentos que contrariam os anseios das coletividades.

A propalada neutralidade da ciência é um mito.A atividade científica é um fato social que deve fundar-se num avanço comprometido com a melhoria do humano e de todas as formas de vida existentes.

Uma ciência verdadeiramente humana recusa o imediatismo ; amplia a compreensão da realidade, estimulando a atitude crítica e a indagação. Somente uma cultura comprometida com a afirmação da individualidade promove o humano.

Não existe conciliação entre liberdade e obediência cega a verdades, tenham elas emanado dos sábios ou do poder oficial.

As atividades culturais, promovidas pelos meios de comunicação de massa, precisam operar mais além do progresso exclusivamente material.

Um comportamento dominado pela mero consumo das expectativas, impostas pelo “marketing”, pode acabar transformando o homem num ser idiotizado, que perpetua a própria escravidão, abandonando o ser pelo ter.

E só é possível fortalecer a identidade cultural dos povos, contribuindo para um desenvolvimento baseado na iniciativa e na participação, do maior número.

Não se pode pensar a cultura como um luxo reservado a uma pequena casta de privilegiados. É preciso reconciliar todos homens com os grandes problemas cósmicos; tirá-los da idolatria das máquinas e da preocupação obsessiva com os meios.

É indispensável integrar o homem com seus símbolos e costumes ; investir na imaginação e na criação. Para acelerar a renovação do homem é fundamental abrir às transformações sociais, todos os espaços possíveis.