O exercício extremado dequalquer papel social conduz a uma tensão de expectativa, nem sempresuportável. O ideal é tentarmos – na representação de qualquer papel – serapenas o melhor possível ; pai, amigo, mãe, parceiro, etc. Esse procedimento abre espaçopara um “não ser” ou um “não acontecer” como se gostaria, acabando porafastar-nos da ilusão de que podemos manter todas as situações da vida sobcontrole. Uma possibilidade, aliás, sempre difícil. E tanto mais remotamentepossível quanto menos dependentes elas forem de nossas ações. Certa vezperguntaram-me se era possível aos pais não se preocuparem intensamente quandoum filho ou uma filha saem à noite, para uma ´esticada´ nessa sociedade cheia de riscos e perigos. Comentei que achava a situação bem parecida com a dopassageiro de avião. No tempo em que os aviões voavam baixo eu vivi umasituação interessante. Estava indo para Porto Alegre. Quando a aeronave passoupor Santa Catarina (zona aérea de muita turbulência) começou a sacudir intensamente.