Associados

terça-feira, 24 de abril de 2012

Saúde e Paz


Alvaro Acioli
Na medicina primitiva, praticada em outros tempos ou nos lugares não alcançados pela civilização, bastava ou ainda basta, consolar e apoiar os enfermos. E suplicar aos deuses um sofrimento menor quando não julgassem justo restabelecer a saúde dos infieis.
Para o exercício desse tratamento penitencial,  restava  aos  terapeutas praticar o exorcismo e aos enfermos aceitar os sacrifícios e contribuir com as oferendas recomendadas.
Mas esse pensamento mágico vem perdendo força desde que os gregos começaram a praticar, nos séculos VI e V a.C.,  uma medicina que Platão chamaria pouco depois de científica.
Infelizmente,  hoje não dá mais para acreditar que as doenças são castigos divinos;  penalidades impostas aos homens por transgressões sociais, por sua impureza moral, pela prática de pecados a que não conseguem  renunciar.
Fora dessa compreensão histórica,  a degradação da assistência pública prestada à população brasileira, em todos os quadrantes do país, é uma triste e lamentável  realidade. Poucas são as Instituições Públicas que conseguem manter um padrão de qualidade compatível com os avanços da  ciência médica.
A velha rede assistencial está sucateada, por absoluta falta de conservação. Enfermarias e hospitais inteiros são fechados diariamente, para desespero de uma crescente legião de desamparados.
Equipamentos caros deixam de funcionar, por carência de recursos para sua manutenção ou por  terem sido instalados fora das especificações técnicas.
A publicação da pesquisa “Perfil dos Médicos no Brasil”, realizada por pesquisadores  da Fundação Oswaldo Cruz, mostra entretanto que ao lado de dados alarmantes existem  esperanças  renovadas.
O trabalho deixa claro que, em nosso País,  a saúde pública não é considerada um bem essencial para o Estado;  há mais de 4.500 municípios sem qualquer assistência.
Apenas 19,6% dos médicos pesquisados não se queixaram de desgaste no exercício profissional. E os principais motivos alegados para o desgaste foram: excesso de trabalho, jornada de trabalho prolongada, múltiemprego (27%); baixa remuneração(17%); precárias condições de trabalho(16%); área de atuação/especialidade(9%); excesso de responsabilidade, relação de vida e morte com os pacientes (12%) .
Também ficou  claro que,  apesar de toda a adversidade, o amor à profissão e a  satisfação de exercer a medicina foram os sentimentos que predominaram,   na quase totalidade das entrevistas.
Por outro  lado, verificamos que, na área do ensino médico, melhorar o currículo é a palavra de ordem; predomina o desejo de aperfeiçoar  a instrução sem descuidar da educação, visando mais competência  e mais humanização.
Saúde e Paz para todos nós.