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domingo, 27 de novembro de 2011

O grande mal do século

Alvaro Acioli
O recrudescimento de todas as formas de violência é o grande traço comum, do momento histórico que estamos vivendo. É o paradigma do instante social, cheio de comportamentos e circunstâncias contraditórias.
As descobertas científicas, tão ardentemente buscadas, não distribuíram, por todos os homens, de forma igualitária, os extraordinários frutos do progresso alcançado. Como conseqüência desse fato em pleno século XXI ainda existe sociedades que continuam caçando e colhendo, como o faziam seus antepassados, no tempo das cavernas.
As divergências éticas, econômicas e políticas se acentuam, dificultando o entendimento e a inter colaboração entre os homens.Os fanatismos religiosos multiplicados também reduzem a capacidade de grupos e nações aceitarem “verdades” que estejam fora dos dogmas que professam.
A intolerância está na base desse desacordo generalizado em que se encontra lançado o mundo. A intolerância e não a Aids é o grande mal desse século. Mal que é responsável pela morte de todos os famintos do mundo e dos que se matam, irmãos ou não, sob qualquer pretexto. Intolerância que deixa sucumbirem à míngua inocentes no Sudão, na Etiópia, em Biafra, no nordeste brasileiro, no miserável Leste europeu ou na pobre America Central; também responsável pelas mortes que estão ocorrendo mundo afora, em todos os continentes.
A miséria do mundo tornou-se um tema banal. Volta a ocupar periodicamente algum espaço quando surgem novos genocídios ou massacres protagonizados por tiranos que só se sustentam em seus feudos com a ajuda das nações do chamado primeiro mundo.
Intolerância que perpetua o ódio entre árabes e judeus e que nutre o gérmen causador de todas as guerras entre nações, seitas e ideologias.
Intolerância que dissemina a dominação e o genocídio, que transforma o outro em inimigo irreconciliável, pelo simples fato de ser outro.
Intolerância que repudia os diferentes e as minorias, que cultua a unanimidade, que se opõe a manifestações autênticas de afirmação e liberdade. .
Intolerância fascinada pelo poder absoluto sobre os homens, seus territórios e seus pensamentos.
Aperfeiçoar a arte de tolerar tornou-se uma providência decisiva, nessa quadra atormentada da história. Não se trata de tolerância diante dos poderosos, sempre à espera de “consentimentos oficiais” para manifestar-se, pois isso é apenas conformismo e acomodação.
O destino do homem depende agora, fundamentalmente, de uma tolerância comprometida com os direitos humanos, tanto os próprios quanto os alheios; uma tolerância capaz de respeitá-los, acima das circunstâncias e conveniências.
Uma tolerância preocupada em ajudar a humanidade a beneficiar-se justamente da diversidade no pensar e no agir.
Mas a grande maioria dos homens tem julgado ser quase impossível agir dessa forma. E esse é justamente o desafio maior que o exercício da tolerância coloca: ser possível e parecer, ao mesmo tempo, uma utopia.