Alvaro Acioli
Obrigado pela mensagem tão verdadeira, atual e universal. Minha impressão é que essa triste manifestação particular é mais consequência da influência da sociedade moderna, dominada pela ânsia de dominio, sobre qualquer outro que simbolize poder ou prestigio, no presente ou no passado. Um dia a criança encantada e encantadora aprende a trocar o ser pelo ter e acaba envolvida por uma ânsia incontida de mais poder. Começa então a exercitar esse impulso incontrolável frente aos "desarmados" mais próximos, geralmente os pais ou avós, que por amá-los demasiadamente não colocaram limites no devido momento educacional, temendo magoá-los ou frustra-los. Infelizmente o amor incondicional não ajuda a desenvolver os indispensáveis sentimentos de reciprocidade relacional. A criança precisa aprender, desde cedo, que pai e mãe são aqueles que assim agem diante dos filhos. E que, reciprocamente, filhos são aqueles que assim se colocam frente a seus pais. Pais quando cuidam dos filhos e filhos quando cuidam dos pais. O que se observa é que os mesmos filhos que desrespeitam seus pais não agem da mesma forma com parentes ou aparentados proximos, com os quais são obrigados a se relacionarem num clima de reciprocidade. Nas culturas primitivas ou nas mais tradicionais, ainda existentes, não contagiadas ainda por modismos globalizados, os pais e avós continuam sendo revenciados e cuidados, pelo amor e pela experiência que sempre transmitiram e continuam a oferecer generosamente a seus descendentes. Continuam, por todo o tempo de suas vidas, a serem ouvidos e respeitados pelos mais novos. A manifestação do desprezo pode ser pessoal (particularizada nesse ou naquele caso) mas - em sua origem - ha sempre uma indiscutível contribuição psicossocial, contribuição essa que contou, por certo inconscientemente, com a ingênua colaboração dos avós, dos pais ou educadores. E que fazer, frente as situações concretas que se apresentam ou se renovam, no dia-a-dia contemporâneo? Urge buscar reflexões críticas capazes de evitar que as agressões injustas e/ou irracionais, de filhos ou assistidos, invadam as mentes e os corações dos pais e avós, punindo-os injustamente quando deveriam ser festejados e celebrados. Reconheço ser dificil (senão para todos os atingidos mas certamente para a grande maioria) agir assim. Nesse terreno somos todos alunos principiantes. Mas se nos dedicarmos com afinco e perseverança a essa tarefa inadiável vamos aprender novas lições, reformular nossos comportamentos e nossas práticas inadequadas. É preciso e inadiável ingressar numa nova senda, buscar caminhos alternativos, sobretudo os que não vivem a expectativa de terem muitos janeiros pela frente. Ninguem consegue nos humilhar sem a nossa cumplicidade. Mesmo que falhem todos os meios de persuasão e de convencimento ainda resta a poderosa arma da recusa. A recusa de não se deixar dominar, magoar ou castigar.
Obrigado pela mensagem tão verdadeira, atual e universal. Minha impressão é que essa triste manifestação particular é mais consequência da influência da sociedade moderna, dominada pela ânsia de dominio, sobre qualquer outro que simbolize poder ou prestigio, no presente ou no passado. Um dia a criança encantada e encantadora aprende a trocar o ser pelo ter e acaba envolvida por uma ânsia incontida de mais poder. Começa então a exercitar esse impulso incontrolável frente aos "desarmados" mais próximos, geralmente os pais ou avós, que por amá-los demasiadamente não colocaram limites no devido momento educacional, temendo magoá-los ou frustra-los. Infelizmente o amor incondicional não ajuda a desenvolver os indispensáveis sentimentos de reciprocidade relacional. A criança precisa aprender, desde cedo, que pai e mãe são aqueles que assim agem diante dos filhos. E que, reciprocamente, filhos são aqueles que assim se colocam frente a seus pais. Pais quando cuidam dos filhos e filhos quando cuidam dos pais. O que se observa é que os mesmos filhos que desrespeitam seus pais não agem da mesma forma com parentes ou aparentados proximos, com os quais são obrigados a se relacionarem num clima de reciprocidade. Nas culturas primitivas ou nas mais tradicionais, ainda existentes, não contagiadas ainda por modismos globalizados, os pais e avós continuam sendo revenciados e cuidados, pelo amor e pela experiência que sempre transmitiram e continuam a oferecer generosamente a seus descendentes. Continuam, por todo o tempo de suas vidas, a serem ouvidos e respeitados pelos mais novos. A manifestação do desprezo pode ser pessoal (particularizada nesse ou naquele caso) mas - em sua origem - ha sempre uma indiscutível contribuição psicossocial, contribuição essa que contou, por certo inconscientemente, com a ingênua colaboração dos avós, dos pais ou educadores. E que fazer, frente as situações concretas que se apresentam ou se renovam, no dia-a-dia contemporâneo? Urge buscar reflexões críticas capazes de evitar que as agressões injustas e/ou irracionais, de filhos ou assistidos, invadam as mentes e os corações dos pais e avós, punindo-os injustamente quando deveriam ser festejados e celebrados. Reconheço ser dificil (senão para todos os atingidos mas certamente para a grande maioria) agir assim. Nesse terreno somos todos alunos principiantes. Mas se nos dedicarmos com afinco e perseverança a essa tarefa inadiável vamos aprender novas lições, reformular nossos comportamentos e nossas práticas inadequadas. É preciso e inadiável ingressar numa nova senda, buscar caminhos alternativos, sobretudo os que não vivem a expectativa de terem muitos janeiros pela frente. Ninguem consegue nos humilhar sem a nossa cumplicidade. Mesmo que falhem todos os meios de persuasão e de convencimento ainda resta a poderosa arma da recusa. A recusa de não se deixar dominar, magoar ou castigar.

 
 
