Alvaro Acioli
Frente a risco de vida é normal que o indivíduo tenha reações de ansiedade aguda acompanhadas por palpitações, boca seca, palidez, toneiras, falta de ar, etc. Quando existe terror infundado fala-se de Pâ nico. Trata-se de uma vivência diferente das reações motivadas por fatores externos, que ameaçam o indivíduo(catástrofes, incêndios, bombardeios, etc).
O termo pânico deriva de Pã, deus Grego, mistura de forma humana e de bode. Pã era tão feio que ao nascer assustou sua mãe. Ele viveu confinado nas montanhas da Arcádia. E divertia-se aparecendo subitamente aos passantes o que provocava uma reação de susto, designada como pânico.
No ataque de pânico a grande ameaça está no próprio indivíduo, o medo vem de dentro. Não existe perigo real de vida. Mas as crises são sempre vividas como algo apavorante.Os ataques duram de 5 a 20 minutos, raramente mais de uma hora. Quando os ataques de pânico ocorrem com determinada frequência fala-se então em Distúrbio de Pânico ou Doença do Pânico. O quadro é duas a três vezes mais frequente no sexo feminino. Há casos de pessoas que tiveram crises durante muitos anos ( 20 ou mais), sem nenhuma consequência para a saúde física. As primeiras crises de pânico são frequentemente desencadeadas por doenças físicas, situações de stress acentuado ou até causadas por medicamentos.
Muitas teorias biológicas e psicológicas tentam explicar a origem do quadro. Uma das mais atuais defende que os ataques são provocados por disparos de noradrenalina, produzidos pelo locus coeruleus, uma estrutura do sistema nervoso central.
As fobias associadas aos Distúrbios de Pânico são sobretudo de três tipos: Agorafobia, Fobia Simples e Fobia Social. Agorafobia - Ágora (lugar público) + Phobos (medo). São variedades mais comuns : Medo de sair de casa - Medo de ficar em casa sozinho e Medo de estar longe de casa, em uma situação de risco ou onde possa não haver ajuda disponível em caso de grande necessidade.
São medos típicos o de usar transportes públicos (ônibus, trens, metrôs, aviões); de ficar em multidões, teatros, túneis, elevadores, restaurantes, supermercados, esperar em filas ou de viajar para longe de casa.
Nos casos mais severos os padecentes podem acabar completamente confinados em casa, com medo de sairem desacompanhados ou mesmo de ficarem sozinhos. Eles evitam todas essas situações na tentativa de prevenir novos ataques de pânico. Um aspecto curioso da agorafobia é o efeito que tem uma companhia de confiança sobre o comportamento fóbico. Muitos pacientes incapazes de sair de casa sozinhos podem viajar por grandes distâncias e participar de muitas atividades se acompanhados.
Na fobia social os medos estão limitados a objetos, situações ou atividades específicas. São exemplos comuns a fobia de dirigir, por medo de acidentes, de animais, por temor de serem mordidos, de ambientes fechados(claustrofobia), por receio de se sufocarem ou de ficarem presos. Esses pacientes reconhecem a irracionalidade dos medos, mas não conseguem evitá-los. Já na fobia social o medo é o de agir de forma a sentir-se humilhado ou embaraçado, na frente de outros.São fobias sociais típicas : de falar, de comer ou escrever em público; de usar banheiros coletivos, comparecer a festas ou entrevistas.
Embora possa ocorrer melhora espontânea, em geral o distúrbio não desaparece sem tratamento. Pode também durar meses ou anos, sem que isso se constitua em obstáculo para o tratamento. Todavia as crises ou os expedientes adotados para evitá-las ou ocultá-las podem acabar tornando insuportável a vida dos que dele padecem.
Esses vivem a ameaça permanente da falta de socorro. A ameaça do SE ... SE eu desmaiar ... SE eu tiver um colapso cardíaco ... SE eu perder a razão ... SE eu morrer ...
A solução é o tratamento preventivo: só o controle das crises pode evitar as complicações que ela causa. Antes que esse bloqueio se instale não adianta forçar o indivíduo a enfrentar as situações que teme ou evita.O controle das crises pode ser hoje obtido por um tratamento que associe farmacoterapia e psicoterapia.