 Parece que a sociedade humana vive uma loucura caracterizada por uma tempestade de emoções contraditórias e multifacetadas, bem longe de saber ou descobrir meios de explicá-la ou de resolvê-la.
 Parece que a sociedade humana vive uma loucura caracterizada por uma tempestade de emoções contraditórias e multifacetadas, bem longe de saber ou descobrir meios de explicá-la ou de resolvê-la.Creio que não é o cotidiano que nos cega; nós é que perdemos a capacidade de perceber esse cotidiano “alucinado” que nos envolve e onde se confundem vivências passados com angustiados desejos futuros. 
“Futuros” que viram “Passados” antes de serem apreendidos criticamente de uma forma relevante ou mais compreensiva. 
Nessa fugacidade existencial tudo se fragmenta ou se esfumaça. Como conseqüência, uma cegueira social promove a busca incontrolável de renovadas crenças, outros gurus e xamãs e irmãos ( não carnais ) que sejam fraternalmente solidários. 
Esse fato é dramatizado pelo medo e pela culpa, socialmente implantados, responsáveis pela idéia de que é utopia uma construção pessoal alternativa, uma impossibilidade encarnar em qualquer pessoa um mundo existencial singular ou original. Assim condenado o homem oscila entre escapar através de idéias e ilusões paralisantes ou agir irracionalmente aderindo ao ilusionismo tribal. 
Amedrontado por não ser, nem acreditar poder-ser, esse pária foge apressadamente de si mesmo, acabando por render-se ao nada em si, afundando-se na des-identidade. 
Pessoalmente creio que muitos já não “viviam” mais quando foram surpreendidos pela morte física. O retorno à experiência tribal primitiva, além de ensejar o controle de medos e a expiação de culpas torturantes, premia os neo-colonizados com a ansiada identidade, só que tribalizada. 
Para que esse milagre redentor ocorra basta apenas a submissão incondicional aos rituais, regras e dogmas da tribo acolhedora. E, é claro, ser aceito como novo membro do novo clã descoberto. A partir desse vôo existencial regressivo todos os seus conflitos se resolvem ( ou se explicam ) e os temidos demônios são exemplarmente exorcizados. 
Nosso século XXI está sendo tido por muitos, entre os quais Maffesolli, como o novo “ Tempo das Tribos”. 
Estaríamos assistindo outro crepúsculo da razão ou estão sendo gestadas novas razões, no mosaico de realidades em que nosso mundo se transformou ? 
O fato é que tudo parece relativo, que ninguém sabe o que está realmente acontecendo. Mais do que nunca, a descoberta do si mesmo tornou-se o maior mistério colocado para os humanos contemporâneos. 


 
 
