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segunda-feira, 11 de maio de 2009

Almas Gemeas

Alvaro Acioli

A ecologia transformou nossos conhecimentos sobre a natureza e a etologia modificou nossas idéias sobre os outros animais.
Sabemos hoje que os animais não são necessariamente dominados por impulsos instintivos, que buscam uma satisfação automática. Em um grande número de espécies o comportamento animal é organizado e organizador, guiando-se por um avançado processo de comunicação.
Como disse Edgar Morin...

"O próprio galinheiro não é um harém desordenado,
submetido ao galo, mas uma sociedade hierarquizada."


O tipo de sociedade varia conforme a espécie e o meio. Na floresta, rica em alimentos, os chipanzés vivem numa sociedade descentralizada e permissiva. Já nas savanas, onde existe menos abundância de alimentos e mais perigos, a estrutura social torna-se centralizada e rígida. Nossa sociedade é apenas uma variante surgida no extraordinário desenvolvimento do fenômeno social natural. A comunicação, a produção de ritos e a capacidade de simbolizar também nào são particularidades humanas, tendo raízes oriundas na longa evolução das espécies.Não devem, por isso, surpreender o grande número de trabalhos científicos que mostram a importância que a companhia dos animais pode ter na socialização humana. Particularmente a capacidade de atenuar reações depressivas e sentimentos de inutilidade, sobretudo para os que vivem isolados ou não mantém relações sociais estáveis.

O próprio Freud realçou o valor da amizade com os animais :"...
isto explica por que se pode amar um animal
com uma intensidade tão extraordinária;
nutrir por eles uma afeição sem ambivalência,
simples e livre dos conflitos quase intransponíveis da civilização...
ter um sentimento de afinidade íntima, de verdadeira solidariedade".

Inúmeros trabalhos científicos mostram que falar e acariciar um animal é uma ação que beneficia a saúde de quem a pratica ; pode provocar, no sistema cardiovascular, uma estimulação mais favorável do que a gerada por uma relação com seres humanos. Estudos bem conduzidos chegam a afirmar que esse convívio aumenta a proteção contra pressões psicológicas, causadas pelos inúmeros problemas da vida diária. E que também melhora a capacidade corporal de enfrentar infecções e doenças. É hoje um fato indiscutível que os animais domésticos podem dar uma grande contribuição para a socialização humana, com benéficas conseqüências para o relacionamento do homem com seus semelhantes.Sabe-se que a solidão provoca ou agrava, seriamente, muitas doenças. Por isso os idosos, privados geralmente do apoio afetivo que precisam, podem colher grandes benefícios desse convívio excepcional.

Mas o melhor momento, para o inicio desse relacionamento, são os primeiros anos de vida. Através do mordiscar, um pseudoconflito lúdico, o cão manifesta sua amizade, tolerância e submissão. Essa convivência, já na primeira infância, fortalece os vínculos com o mundo natural. Além de ensinar a criança a respeitar a natureza e todos os seres vivos, contribui para elevar o seu censo de responsabilidade e a autoconfiança.

http://mosaicoexistencial.blogspot.com/2008/02/almas-gemeas.html