 O imortal Pasolini dizia que ...“na juventude é imensa a disponibilidade para acreditar”. Mas é justamente aí que se origina também a tendência a descrer e o impulso para confrontar e contradizer o saber oficial imposto. Essa atitude responde a razões motivadoras, diversamente do que muitos - bem ou mal intencionados - insistem em proclamar.
 O imortal Pasolini dizia que ...“na juventude é imensa a disponibilidade para acreditar”. Mas é justamente aí que se origina também a tendência a descrer e o impulso para confrontar e contradizer o saber oficial imposto. Essa atitude responde a razões motivadoras, diversamente do que muitos - bem ou mal intencionados - insistem em proclamar.Os mais jovens representam cerca de quarenta e cinco por cento da população mundial. Estima-se que esse percentual corresponda hoje, aproximadamente, a um bilhão e cento e oitenta milhões.
Oitenta por cento desse aumento ocorre nos países em desenvolvimento, como o nosso, onde gerações inteiras estão condenadas à pobreza, ignorância e violência.
Os jovens buscam , na maioria das vezes, reagir contra o desperdício de sua criatividade e energia, contra a hegemonia de uma ideologia política descompromissada com os mais primários direitos humanos: morar, comer e trabalhar. Comunicam o repúdio pelo “congelamento” a que estão sujeitos, obrigados a viver numa realidade falsamente moderna, dominada pela frieza e pelo formalismo.
Até as idéias renovadoras dos jovens são apropriadas e transformadas pelo marketing voraz da sociedade de consumo, voltando ao mercado para seduzi-los e submetê-los.. Uma prática cuja intenção maior é a de aprisioná-los na ciranda consumista, principal ingrediente dos comportamentos sociais mais regredidos.
O sistema dominante promove interpretações patológicas do comportamento expressado pelos jovens, mas silencia quanto a parcela de responsabilidade que lhe cabe. Infelizmente esse procedimento não tem nada de novo nem de original.
Uma indisfarçável hipocrisia faz da violência adolescente, das pichações incontidas, do abuso de drogas ( não privativo dos jovens ) e de tudo o que pode, temas preferidos dos noticiários de terror que seus marketeiros espalham.
As novas gerações contemporâneas continuam se interrogando, sobre razões e sentido de suas existências, como o fizeram as que lhes antecederam historicamente.
E, contrariando todas as aparências, não são os jovens os mais dominados pelo desejo de violar e profanar regras e crenças. É mais fácil reconhecer esses propósitos entre seus difamadores, que governam por todos os cantos, cercados de corrupção e incompetência.
Os movimentos jovens tentam renovar esperanças, em meio às pressões insuportáveis de um cotidiano imprevisível. Não são desafios irracionais a governos nem governantes.
A bem da verdade, a juventude está sendo obrigada a encontrar caminhos numa atmosfera social dominada por hipocrisia, desigualdades, injustiças e exclusões.

 
 
