
Duas visões filosóficas predominaram ao longo dos tempos. Uma promovia a idéia de que o ver e o saber eram mais importantes que eu o ser. E outra associava as grandes transformações ao ter e não ao ser.
Foi assim até que a universalização da informação unificou essas duras visões na sociedade do espetáculo, onde tudo é ou se transforma em representação. Representa-se o ser, o ter, o viver, o saber... E, principalmente, o relacionar-se e o amar.
Uma espécie de neoliberalismo afetivo-sensual passou a dominar a infovia. E exerce esse domínio sem considerar fronteiras, dogmas, éticas, religiões, tradições ou culturas. A sedução, sob múltiplas formas e disfarces, domina a grande rede. Existe de tudo. Desde as modalidades mais ingênuas dos namoros bem comportados aos fetiches mais surpreendentes.
Os infoamantes valem-se do anonimato propiciado pelo ciberespaço. A aproximação direta envolve riscos que a maioria não consegue enfrentar. Já a relação virtual possibilita, antes de qualquer entrega, uma investigação preliminar e um aprofundamento entre dois interlocutores. A experiência caminha sem o compromisso de efetivação. Nesse psicodrama virtual, à semelhança de um desenho animado, não existe o risco de morte, de completa interrupção da experiência existencial.
Na relação usual caminha-se do conhecido para o desconhecido; no infodrama virtual parte-se do desconhecido (mágico ou simbólico) para o conhecido, sem o compromisso de vivenciar a realidade. Torna-se infinitamente mais fácil enganar e enganar-se.
Os infoamantes são imigrantes que adentram outros mundos afetivos sem precisar sair de casa, acobertados por todas as suas proteções e defesas. Viajam literalmente sem lenço nem documento. O espaço virtual é um território utópico: é um não-lugar dentro da sociedade concreta, desprovido de regras e preconceitos.
Nele pode-se ver e falar, com o outro, preservando o anonimato. É possível também reproduzir o milagre astronômico: aproximar o que está longe sem eliminar a distância. Basta uma simples senha para ingressar nesse universo encantado. Não é preciso provar, a todo instante, pureza de intenções, dizer por que se faz ou o que se pretende. Pode-se conversar, ou até amar, sem trocar palavras. É possível censurar a mensagem, ao sabor das circunstâncias, com a total colaboração do superego, um grande inimigo na vida real.
Na falsa intimidade virtual a verdadeira realidade é a representação absoluta do que é “vivido”. Ao distanciar-se de si mesmo o narcisismo se acentua; o infoamante experimenta a ilusão prazerosa da cessação de todos os seus conflitos.
O real e o imaginário se superpõem; a relação imaginada substitui a relação objetiva. Foge-se do social para o espacial, onde é possível administrar, muito mais facilmente, os medos mais sufocantes e as culpas mais aterradoras.
A vida se transforma num sonho elaborado conscientemente. Troca-se o concreto pelo simbólico, o fazer pelo ver e o sentir pelo imaginar. Mesmo não sendo nada, em seu território, o indivíduo sente-se o dono do mundo.
Foi assim até que a universalização da informação unificou essas duras visões na sociedade do espetáculo, onde tudo é ou se transforma em representação. Representa-se o ser, o ter, o viver, o saber... E, principalmente, o relacionar-se e o amar.
Uma espécie de neoliberalismo afetivo-sensual passou a dominar a infovia. E exerce esse domínio sem considerar fronteiras, dogmas, éticas, religiões, tradições ou culturas. A sedução, sob múltiplas formas e disfarces, domina a grande rede. Existe de tudo. Desde as modalidades mais ingênuas dos namoros bem comportados aos fetiches mais surpreendentes.
Os infoamantes valem-se do anonimato propiciado pelo ciberespaço. A aproximação direta envolve riscos que a maioria não consegue enfrentar. Já a relação virtual possibilita, antes de qualquer entrega, uma investigação preliminar e um aprofundamento entre dois interlocutores. A experiência caminha sem o compromisso de efetivação. Nesse psicodrama virtual, à semelhança de um desenho animado, não existe o risco de morte, de completa interrupção da experiência existencial.
Na relação usual caminha-se do conhecido para o desconhecido; no infodrama virtual parte-se do desconhecido (mágico ou simbólico) para o conhecido, sem o compromisso de vivenciar a realidade. Torna-se infinitamente mais fácil enganar e enganar-se.
Os infoamantes são imigrantes que adentram outros mundos afetivos sem precisar sair de casa, acobertados por todas as suas proteções e defesas. Viajam literalmente sem lenço nem documento. O espaço virtual é um território utópico: é um não-lugar dentro da sociedade concreta, desprovido de regras e preconceitos.
Nele pode-se ver e falar, com o outro, preservando o anonimato. É possível também reproduzir o milagre astronômico: aproximar o que está longe sem eliminar a distância. Basta uma simples senha para ingressar nesse universo encantado. Não é preciso provar, a todo instante, pureza de intenções, dizer por que se faz ou o que se pretende. Pode-se conversar, ou até amar, sem trocar palavras. É possível censurar a mensagem, ao sabor das circunstâncias, com a total colaboração do superego, um grande inimigo na vida real.
Na falsa intimidade virtual a verdadeira realidade é a representação absoluta do que é “vivido”. Ao distanciar-se de si mesmo o narcisismo se acentua; o infoamante experimenta a ilusão prazerosa da cessação de todos os seus conflitos.
O real e o imaginário se superpõem; a relação imaginada substitui a relação objetiva. Foge-se do social para o espacial, onde é possível administrar, muito mais facilmente, os medos mais sufocantes e as culpas mais aterradoras.
A vida se transforma num sonho elaborado conscientemente. Troca-se o concreto pelo simbólico, o fazer pelo ver e o sentir pelo imaginar. Mesmo não sendo nada, em seu território, o indivíduo sente-se o dono do mundo.

 
 
